13/01/2012
POST 1
Em conversas com amigos, consideramos que são muitas ─ e justificadas ─ as críticas ao sistema capitalista/neoliberal; entretanto, poucas propostas a algo novo, são apresentadas.
Não é difícil perceber a razão dessa dificuldade; a complexidade vai além, muito além do que simples palavras podem expressar e, a grande maioria das pessoas que poderiam propor o novo, com mais qualificação, com mais conhecimento sente-se constrangida, em fazê-lo; receia que suas propostas sejam taxadas de utópicas, pois elas precisarão ser totalmente diferentes de qualquer padrão, hoje em vigor; daí a grande possibilidade de serem taxadas de utópicas.
Ao depararmos com esse trecho do livro do grande Eduardo Galeano ─ El Derecho Al Delirio
“Vamos a clavar los ojos más allá de la infamia, para adivinar otro mundo posible: el aire estará limpio de todo veneno que no venga de los miedos humanos y de las humanas pasiones; en las calles, los automóviles serán aplastados por los perros; la gente no será manejada por el automóvil, ni será programada por la computadora, ni será comparada por el supermercado, ni será mirada por el televisor; el televisor dejará de ser el miembro más importante de la familia, y será tratado como la plancha o el lavarropas; la gente trabajará para vivir, en lugar de vivir para trabajar(...); los economistas no llamarán nivel de vida al nivel de consumo, ni llamarán calidad de vida a la cantidad de cosas; los cocineros no creerán que a las langostas les encanta que las hiervan vivas; los historiadores no creerán que a los países les encanta ser invadidos; los políticos no creerán que a los pobres les encanta comer promesas (...); la muerte y el dinero perderán sus mágicos poderes, y ni por defunción ni por fortuna se convertirá el canalla en virtuoso caballero (...); el mundo ya no estará en guerra contra los pobres, sino contra la pobreza, y la industria militar no tendrá más remedio que declararse en quiebra; la comida no será una mercancía, ni la comunicación un negocio, porque la comida y la comunicación son derechos humanos; nadie morirá de hambre, porque nadie morirá de indigestión; los niños de la calle no serán tratados como basura, porque no habrá niños de la calle (...); la educación no será el privilegio de quienes puedan pagarla; la policía no será la maldición de quienes no puedan comprarla; la justicia y la libertad, hermanas siamesas condenadas a vivir separadas, volverán a juntarse, bien pegaditas, espalda contra espalda…”.
Trecho do livro de EDUARDO GALENO ─ El Derecho AL Delirio
resolvemos tentar ─ PENSAR O NOVO, que assim o é, apenas em comparação ao que temos, atualmente.
Desse exercício, algumas ideias foram surgindo; resolvemos juntá-las e apresentá-las, em 3 ou 4 blogs, sequenciais.
Neste, vamos esclarecer como será a abordagem, apresentando ainda, a 1ª das questões fundamentais, vistas abaixo.
Pensar o novo, impõe algumas questões fundamentais, preliminares:
1ª ─ condição mental atual, do humano;
2ª ─ condição do próprio sistema capitalista, hoje;
3ª ─ condição do próprio Sistema Vida, do Planeta Terra.
Completada a fase acima, analisaremos três itens relacionados a uma possibilidade de mudança do status quo, do sistema.
1º Há condições de mudança?
2º A possível mudança, será consenso do animal humano ou imposta pela própria Natureza?
3º As bases fundamentais, para tal mudança, existem ou ainda terão de ser implementadas?
1ª QUESTÃO ─ CONDIÇÃO MENTAL ATUAL, DA HUMANIDADE
Os animais humanos atuantes hoje, sofreram ─ de forma mais intensa ─ nos últimos 60 anos, uma verdadeira desestruturação mental. Vários e vários fatores foram determinantes para que esse processo acontecesse.
Entretanto, podemos computar como principal fator, o próprio Sistema Capitalista, por uma razão mais que evidente. O sistema, como um todo, fez uma varredura das inclinações, do animal humano; estudos de todas elas foram realizados, por importantes e diversificados grupos.
Provavelmente, devem ter detectado alguns pontos que seriam profundamente importantes para implantação e difusão mundial, do Sistema; entre eles, os de maior interesse devem ter sido ─ egoísmo, ganância, aceitação ─ sem maiores questionamentos ─ do que lhes é imposto; necessidade extrema de auto-afirmação e reconhecimento social.
Pronto.
Os nós da grande teia estavam determinados; de resto, era apenas o trabalho de ampliá-la de forma mais abrangente, possível, incentivando a ilusória liberdade que nada mais é que escravidão, que recebeu, claro, conotações diferenciadas ─ produtividade, competência, dinamismo profissional, etc.
O egoísmo levou ao consumo, passo inicial do brutal consumismo, de hoje, pela simples razão de cada um querer ter algo apenas para si. Se antes, tínhamos um rádio, que a família compartilhava, o sistema, através de propagandas veiculadas por seus meios de comunicação, exploração, difusão estimulou o individualismo, justamente para garantir fatia maior, de mercado, aos produtos fabricados.
A ganância, favoreceu a ilusão de trabalho obsessivo, com o intuito de ganhar mais, para comprar mais, para “ser” mais.
A aceitação, sem maiores questionamento, veio ceifar a verve revolucionário que existia, latente, em cada animal humano.
A necessidade de auto-afirmação, permitiu insuflar o ego, colocando o animal humano, no pedestal que a própria religião “edificou” para ele, com a proposta de que o animal humano é merecedor de ter do bom e do melhor, disponibilizado “gentilmente” pelo mercado, esse mesmo que agora, tornou-se um ente todo-poderoso e, sem a menor preocupação com a Natureza e seres, do Planeta.
Reconhecimento social passou a ser sinônimo ─ para os que não estão tão bem posicionados, na pirâmide ─ de carro do ano, de posse dos últimos lançamentos tecnológicos, ultrapassados a cada seis meses, ou menos, através da famosa e ardilosa obsolescência provocada.
Como o animal humano, praticamente “enlouqueceu” com a parafernália disponibilizada gentilmente, para ele, outra componente poderosa, do sistema capitalista ─ a indústria farmacêutica desenvolveu, rapidamente, inúmeras drogas para evitar que a loucura patológica, se instalasse, em definitivo, inviabilizando o consumidor, afinal, pagar pela droga cara, não basta; é preciso continuar consumindo; o sistema sobrevive a custa dessa doença ─ consumismo ─ para a qual, não pretende oferecer cura, muito pelo contrário!
A condição mental, do animal humano atual, é de quase total submissão e alienação; foi profundamente devastadora a força coercitiva, do sistema; a teia, vigorosamente tecida para aprisioná-lo, não o permite encontrar brechas falando, é claro, dos poucos que pensam em como se livrar, dela.
Um poderoso sistema midiático mundial, incumbiu-se de minar qualquer resquício de rebeldia, de insatisfação com o status quo, do sistema.
A palavra rebeldes, hoje, embasa teorias conspiratórias para as quais, a única alternativa dos poderosos, são as “Forças de Paz”, são as chamadas Intervenções Humanitárias; rebeldes ─ sob encomenda ─, misturam-se “homogeneamente” aos verdadeiros rebeldes, insuflando-lhes com psicologia própria do sistema, com a única finalidade de oferecer argumentações favoráveis, aos demais animais humanos sociais ─ via mídias pertencentes ao próprio sistema ─, para atos de invasão/dominação do país de origem, dos verdadeiros e legítimos, insurgentes.
O intervencionismo, antes “subliminar”, agora tornou-se o mais aberto e cruel sistema de dominação.
Até os anos 70, do século/milênio passado, tínhamos como fonte de rebeldes, de revolucionários, de questionadores ─ o meio universitário. De lá para cá, um grande número de professores foram cooptados pelo sistema econômico neoliberal, passando a influenciar, de forma extremamente eficiente, os jovens estudantes podando-lhes, exemplarmente, a verve revolucionária, própria da idade.
O operariado, outro baluarte revolucionário, de outrora, tendo alcançado certas “regalias” astutamente oferecidas, pelo sistema, passou a não representar problema maior; de certa forma, também foi cooptado, pelo sistema.
Enquanto isso, o próprio sistema que identifico como conglomerado econômico-financeiro, do mundo tendo, ainda hoje, Tio Sam como máxima representação de seu poderio, enquanto isso, repito, o sistema seguiu em frente solapando, cada vez mais, qualquer ideia diferente daquelas por ele “estabelecidas” e, amplamente divulgadas/insufladas pelos meios de comunicação de massa, hoje Sistema Midiático, tornando-o mais polido do que comunicação de massa, que pressupõe, grande número de pessoas sem o menor senso crítico, mental e culturalmente desarmado, amorfo.
O nome foi alterado; a essência da qualificação, não.
A grande realidade, cremos, é que a Humanidade não tem, ainda, um corpo representativo, dela mesma; continua sendo ─ massa amorfa.
Para o sistema, a humanidade é potencialmente ─ mercado de consumo ambivalente; serve para consumir o que é produzido e posto à venda e serve para ser consumida, pelo próprio sistema, através de domínio, em vários sentidos.
No ano 2011, deste século XXI, vislumbramos o início de certa movimentação social, em diversos países, do mundo A grande maioria dos participantes, é formada por jovens, agregados por redes sociais, que participam.
Curiosamente, um dos redutos mais marcantes de “criação” de executivos para altos escalões em conglomerados empresarias, globais, a ─ Universidade de Harvard ─ sofreu, em 2011, com revoltas de estudantes da área de Economia, pedindo grandes mudanças no modelo curricular, que vigora. Além disso, revoltaram-se contra a corrupção moral e econômica de grande parte do mundo acadêmico.
Tudo isso pode representar o princípio de uma verdadeira revolução mental, exatamente a que necessitamos.
Em sendo assim, a luta será, em princípio, extremamente desigual. O sistema dispõe de armas poderosíssimas para tentar aniquilar qualquer princípio de ação, contra ele, inclusive e principalmente, o sistema midiático ─ de grandes grupos ─ por ele próprio, comandado.
Entretanto, tudo tem um princípio e um fim. Quem sabe essas aglomerações de Indignados, em praças e ruas de grandes centros urbanos, possa ser o indicativo do começo de um grande movimento mundial, forte o suficiente, para abalar as estruturas do imperialismo econômico/financeiro, já enfraquecidas, por culpa da própria insensatez, dominante.
Mesmo entusiasmados com os movimentos de 2011, mesmo assim, consideramos que a condição mental da humanidade hoje, é simplesmente uma somatória de neuras, de medos, de complacências, de aceitação do que vê, sem ver. Claro que exceções existem; entretanto, essas exceções precisariam ser regra geral ─ a maioria deveria despertar para a imensa, dificílima, extenuante tarefa de alterar, pelo menos em parte, as regras desse jogo de cartas marcadas. O comodismo, a apatia, a ignorância dos fatos nos levará, a todos, a um beco sem saída, em pouco espaço de tempo. Isso não é pessimismo nem fatalismo, como alguns poderão argumentar/contrapor; é realidade saltando aos olhos; basta não estar totalmente hipnotizado, para compreender tudo que aí está.
A Nova Era, fará a sua parte; entretanto, a participação maciça, do animal humano, é primordial para que todos os chamados paradigmas, da era passada, sejam finalmente extirpados e novos e frutíferos, tomem seus lugares.
No próximo post ─ Condição do próprio Sistema Capitalista, hoje.
Maria ─ Estrela Lunar Amarela
─ qualquer erro, por favor, nos comunique.
Livros disponibilizados para download:
EgoCiência e SerCiência – Ensaios
EgoCiência e SerCiência ─ Em busca de conexões quânticas.
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