13/01/2012
POST 2
No post 1, procuramos verificar qual a ─ condição mental da Humanidade, hoje ─ primeira parte das questões fundamentais/ preliminares, a serem vistas, para se tentar ─ Pensar o Novo.
Neste, veremos a segunda condição, referente ao próprio sistema capitalista.
2º Condição do próprio sistema capitalista, hoje.
Não possuindo fundamentação técnica para abordar o acima, dentro de contexto teórico, nos resta observá-lo/analisá-lo com a visão voltada para as consequências sociais, de sua aplicação.
As características principais, desse sistema, são determinadas por:
─ propriedade privada dos meios de produção;
─ criação de produtos ou serviços, disponibilizados pelo mercado, com fins lucrativos;
─ critérios próprios de preços e salários.
Aparentemente, seria um sistema o mais próximo do ideal, para organizar a relação produção-consumo mesmo descartando, como o fez, a intervenção do Estado.
É uma questão lógica, racional que produtos e serviços sejam produzidos; é uma questão lógica, racional que haja um espaço onde esses produtos sejam comercializados ─ MERCADO, entendido como um espaço virtual configurado por n entidades jurídicas que intermedeiam produção e consumo, impondo um preço a cada item produzido/oferecido.
Essa seria a panorâmica primária e útil, do sistema.
Entretanto, face àquelas análises feitas na 1ª parte, sobre as tendências do animal humano, o sistema capitalista ampliou, de forma absurda, seu leque de ofertas com o intuito de satisfazer o “bem-estar”, do animal humano.
Para que a demanda fosse aumentada, ao máximo, e pudesse fluir livremente, era preciso abrir fronteiras, buscar novos mercados, impor a eles seus critérios.
Surgiram, quase que concomitantemente, o Neoliberalismo e a Globalização ambos, em meu entender, ideologias fomentadas com o intuito único de imposição de um novo modelo de gestão política/econômica, maximização absurda do consumo e do lucro.
Esse novo modelo de gestão política/econômica previa e impunha um afastamento dos governos, de qualquer envolvimento com as questões sociais, de seus países; previa e impunha, mediante intervenções de instâncias como o FMI e Banco Mundial, por exemplo, a necessidade de privatização de empresas públicas que, segundo insinuavam e proclamavam ─ via mídias ─, eram desfavoráveis a um crescimento econômico saudável.
Os governos, então, coagidos por problemas internos de seus países ou por serem ideologicamente cooptados mergulharam, profundamente, no que se passou a determinar de ─ lições de casa.
Entre essas lições estava, principalmente, aquela que “impunha” privatização.
O Brasil, quando governado pelo neoliberal Fernando Henrique Cardoso assistiu, estupefato, um dos mais sérios casos de privatização ─ Vale do Rio Doce. Tão incrível foi, que Noam Chomsky, dedicou grande parágrafo a respeito, em seu livro ─ Os Caminhos do Poder, de 1996. Vejamos parte do parágrafo:
“... Para que se cite apenas um caso da maior importância, o governo brasileiro decidiu, passando por cima de uma considerável vontade popular, privatizar a Companhia Vale do Rio Doce, que controla imensas fontes de urânio, ferro e outros minerais, além de instalações industriais e transportes de alta tecnologia.” (negrito da autora deste)
Um importante livro está disponível desde novembro de 2011 ─ A Privataria Tucana, do repórter Amaury Ribeiro Jr.. Nele, estão esmiuçadas artimanhas que permaneceram sepultadas por muitos anos. Vale muito a pena lê-lo, no mínimo, para verificar que Noam Chomsky estava coberto de razão ao falar da nefasta privatização da Vale do Rio Doce e, de quanto a mídia trabalhou para “fazer a cabeça”, de parte da sociedade brasileira, de que era necessário privatizar, para o desenvolvimento do País.
Outras lições de casa também foram rigorosamente cumpridas; desmonte bélico das forças armadas; achatamento salarial; total descaso com o social mais carente, privatização do ensino isto tudo, sempre acompanhado das melhores e mais favoráveis críticas do setor midiático, como não poderia deixar de ser.
Em 1982, Fritjof Capra lançou um dos livros mais importantes sobre a estrutura do sistema ─ Ponto de Mutação.
Nesse livro, Capra analisa, de forma absolutamente clara e objetiva, a situação, na época, dos desvarios impetrados pelo sistema, a diversos segmentos.
Quase trinta anos depois, as coisas estão como Fritjof Capra diagnosticou; a única diferença é um incremento de absurdos, de descontroles, acentuados ao extremo a partir do impulso descontrolado, do consumismo e, da definitiva financeirização da economia e da política.
Em 2008 tivemos a primeira crise, detonada pelo próprio sistema; em 2011, o mundo econômico/financeiro, parecia estar girando numa órbita de colisão, com ele mesmo.
Incertezas na zona do euro.
A nação, que sempre se pensou hegemônica em várias facetas do poder, sofre profundos golpes em suas própria bases , principalmente a econômica/financeira, solapando empregos, aposentadorias e o sistema de saúde, principalmente. Em contrapartida, sua ferocidade desencadeia, ano após ano, mês após mês investidas contra regimes ─ até então por eles considerados favoráveis ─, com o único intuito de domínio, vendido ao mundo em imagens de defesa dos direitos humanos, de promoção da democracia. As chamadas Intervenções Humanitárias tornaram-se alvarás de absurdas ingerências em países, em culturas e, em vidas humanas.
As grandes corporações que se concentram nos Estados Unidos e Europa, atuantes em forma de rede, e que dominam o restante do mundo, forçaram a financeirização da economia; o que lhes interessa é única e exclusivamente expressivos rendimentos do dinheiro que escoa para inúmeras aplicações financeiras, em detrimento da produção, em detrimento de tudo e de todos.
Não há consenso diferente, nas estruturas de poder, em como se chegar a vitória sobre as crises, criadas por essas próprias estruturas; os pensamentos são os mesmos ─ buscar soluções usando velhas formas, velhos conceitos, velhos paradigmas, normalmente impostos pelas mesmas instituições dominantes ─ FMI, Banco Mundial, etc. Nesse “jogo” de cartas marcadas, não há curingas ─ entre as cartas dos perdedores ─ que lhes permita, mudar o jogo. Como, nesse caso, a “banca” sempre ganha ─ nunca perde ─, sairão vencedores os banqueiros, os financistas? Ou será que o mundo se surpreenderá com um revés, inesperadamente imposto a eles, por alguma força maior?
Toda análise feita, nesses últimos meses de 2011, apontam para a realidade ─ falência múltipla do sistema capitalista neoliberal; os órgãos, desse sistema, estão em declínio acelerado; para reversão, de tal quadro patológico extremo, nenhum dos receituários utilizados, por décadas, terá sucesso.
O que trará, então, 2012?
Maria ─ Estrela Lunar Amarela
─ qualquer erro, por favor, nos informe.
Livros disponibilizados para download:
EgoCiência e SerCiência – Ensaios ─ Livro 01
EgoCiência e SerCiência ─ Em busca de conexões quânticas ─ Livro 02
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