quinta-feira, 12 de março de 2015

IMPASSE DECISIVO


 
Essa postagem foi feita, originalmente, em agosto de 2011; nada, absolutamente nada mudou para melhor, de lá para cá, infelizmente.

 

Pode, em uma primeira observação, parecer redundante o título deste; mas não o é.

Apesar de um impasse ser uma situação decisiva, em relação a algum tipo de solução necessária, a própria solução pode tornar-se um novo impasse e assim, sucessivamente.

Acontece que o que vamos abordar tem, na verdade, a qualificação maior de decisivo, no sentido de identificar um momento, pelo qual a humanidade, clara e objetivamente,  passa.

Temos um magno impasse continuidade ou não, da condição de vida, no planeta Terra.

O que torna essa situação mais agudizante, é a quase impossibilidade de se encontrar solução justamente pelos inúmeros fatores complicantes, para tal.

Antes de continuarmos, vamos relembrar um pensamento de Einstein, citado no artigo de Leonardo Boff, já postado, por nós. Aliás, Leonardo Boff postou, no site www.cartamaior.com.br , artigo Governados por cegos e irresponsáveis que recomendamos leitura; praticamente este nosso, encontra profundo eco no que Leonardo Boff escreveu. Para nós, isso é bastante significativo e incentivador.

Os problemas significativos que enfrentamos não poderão ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos, quando os criamos.” (negritos da autora deste)

Para que chegássemos ao ponto onde estamos, como humanidade, longo caminho foi percorrido; entretanto, para alcançar o quase ápice do impasse atual apenas, aproximadamente, 200 anos,  foram suficientes.

A Revolução Industrial, que teve seu início datado, pelos historiadores, em meados do século XVIII, fez a cisão entre a atividade produtiva, praticamente artesanal com utilização de escasso e rudimentar maquinário para manufatura de bens, em escala um pouco maior  , e a atividade industrial que, no século XIX,  já se firmava de forma definitiva.

Ampliando o leque de oferta de produtos, “aliciando” mão de obra, subjugando o trabalho natural/artesanal anterior, ao trabalho forçado para cumprimento de metas de produção e oferecendo remuneração, o estopim da Revolução Industrial alastrou-se, de forma absurdamente rápida.

Os avanços na produção em países específicos, da época,  permitiu a satisfação de necessidades e desejos de suas classes sociais; pagando pelo produto adquirido, o comprador alimentava o sistema recém- nascido com a ideia da importância do consumo, para seu fortalecimento/expansão.

Concomitantemente com a era industrial, o capitalismo que, segundo historiadores, era embrionário já nos séculos XIII e XIV, por força de uma classe social surgida na Europa ─ burguesia ( responsável pelo surgimento de cambistas e banqueiros) ─, classe essa que buscava o lucro através de atividades comerciais, esse capitalismo embrionário, então,  firmasse.

Curiosamente, o termo capitalismo foi cunhado e utilizado, justamente por socialistas e anarquistas, ao referirem-se ao sistema político-econômico, sempre em críticas, já no século XIX.

Entretanto John Lock e Adam Smith, idealizadores do sistema político-econômico ocidental, deram preferência ao termo liberalismo, justamente para demarcar território contra ingerências do poder estatal, isto no início do século XIX.

Os fundamentos essenciais, do liberalismo, são baseados em anseios humanos por liberdade de ação e pensamento.

Em 1946, representantes de partidos liberais europeus, reuniram-se em Bruxelas, firmando o que foi denominado de ─ Declaração de Bruxelas. É algo que vale a pena conhecer; sites para lê-lo, na íntegra ─  www.laicidade.org  ou   http://www.liberal-international.org/ 

A Europa, de  hoje, age contrariamente ao  que consta, nessa Declaração.

Continuando, os desdobramentos da Revolução Industrial e do próprio capitalismo e/ou liberalismo, viriam a mostrar suas garras afiadíssimas. Quando os mercados internos dos países mais desenvolvidos estavam “saturados”, foi preciso buscar novos mercados em países em desenvolvimento.

Surgiu, então, a chamada Globalização Econômica, visualizada por experts como forma de “desovar” excessos de produção dos países desenvolvidos, forçando um “livre mercado”, através da ilusória sensação de participação de todos em tudo, menos nos lucros, é claro.

Concomitantemente com a globalização, veio o neoliberalismo. Seu mentor, o economista Milton Friedman, concebeu esse sistema, após crise econômica de 1973, em função da alta do petróleo.

Destaque-se, nos princípios básicos, entre outros:

─ pouca intervenção do governo no mercado de trabalho/ política de privatização de empresas estatais/ abertura da economia para entrada de multinacionais/ aumento de produção com o objetivo básico de atingir o desenvolvimento econômico/ contra controle de preços dos produtos e serviços, por parte do Estado.

Em 1989, o FMI, Banco Mundial e Departamento do Tesouro Americano dos Estados Unidos, formularam o famoso Concenso de Washington, que se tornou política de ação do FMI, mais precisamente. Interessante observar que os objetivos desse Concenso, na época,  visavam prioritariamente, os países da América Latina.

O “consórcio” neoliberalismo/globalização, “endossado” pelo Conselho de Washington,  resultou no “enlouquecimento” do sistema econômico, até atingirmos o que aí está.

Quando o economista John Willianson, criador do que foi proposto pelo Concenso de Washington, observou que suas ideias, segundo ele, tinham sido “deturpadas”, declarou:

Claro que eu nunca tive a intenção que meu termo fosse usado para justificar liberalizações de contas de capital externo, ou minarquia, que entendo serem a quintessência do pensamento neoliberal".

Mas, era tarde.

Dessa época, para a frente, o sistema, baseado em inúmeros estudos psiclógicos,sobre o animal humano, detectou ser importante estimular, de todas as formas possíveis e imagináveis, o consumo, detonando o que hoje temos consumismo. Há diferença entre consumo e consumismo; o primeiro, refere-se à aquisição de um bem, a medida em que ele se faz necessário; o consumismo, é a tendência desordenada e compulsiva, de comprar, mesmo que não haja necessidade, em fazê-lo.

Para dar um incentivo maior, ao consumismo, foi “criado” e colocado em prática  o chamado obsoletismo provocado, grande sacada mercadológica, principalmente com o advento das tecnologias atuais.  O celu comprado o mes passado, já terá sido superado e  tornado antiquado, obsoleto, alguns meses depois. O mesmo aconteceu e acontece com a computação.  As indústrias programam, com a máxima atenção, a colocação de uma simples tecla adicional, deixando-a de reserva para novo lançamento pois sabem que milhares e milhares de pessoas não conseguem ficar sem o que é chamado de top de linha. Desculpem-nos a simplicidade do exemplo; mas as coisas são, ardilosamente programadas.

Tudo isso, explicado assim, de forma extremamente rudimentar, montou o cenário dramático do que vemos hoje, no mundo caos econômico/financeiro, das chamadas grandes potências, ameaçando demolir países emergentes, caso a crise se torne mais extremada; recursos naturais em colapso e uma população mundial aturdidada, sacudidada por tremendo grau de incerteza, sobre o amanhã.

O pensamento que criou, fomentou, alimentou todo esse sistema vigente, foi a compulsiva tendência do animal humano ao lucro, ao status, ao poder, ao comodismo extremo, tudo devidamente impelido pelo ego, no que ele tem de mais superficial, de mais terreno, de mais imprudente, de mais individualista, de mais alienado.

Grandes pensadores, do passado,  alertaram  para dois fatores determinantes de possíveis crises, num futuro bem próximo superpopulação mundial e finitude dos recursos naturais. Claro que não foram levadas em consideração suas ideias e opiniões; estamos com população mundial em 7 bilhões (crescei e multiplicai-vos sob a ótica humana;  controle de natalidade?  nem pensar!). Os recursos naturais, do planeta,  em fase de esgotamento e as taxas de crescimento econômico, dos países, sendo pautadas como imprescindíveis. Para manter as coisas como estão, os recursos naturais vão se diluindo; qualquer taxa de crescimento, por menor que seja, equivale a uma demanda maior de recursos naturais; então...

Lembrando o pensamento de Einstein,  a busca por possíveis soluções,  demandaria pensamentos exatamente contrários àqueles que criaram essa situação, quase insolúvel.

Mas, infelizmente, as cabeças pensantes responsáveis por busca de soluções, estão completamente desfocadas, da realidade; buscam soluções baseadas nas mesmas premissas orientadoras, do sistema vigente. Algumas dessas tentativas de solução estão sendo adotadas em países da Europa e  nos Estados Unidos; são os arrochos e cortes orçamentários que atingem, especificamente, as classes menos privilegiadas como sempre em aspectos básicos como, por exemplo, área da saúde, remuneração trabalhista, aposentadorias etc. Soluções puramente paliativas; não terão, de forma alguma,  qualquer eficácia, muito pelo contrário.

Abusando de sua paciência, na leitura deste, vamos fazer um exercício, concebendo solução e prevendo consequências, apenas para que possamos deixar claro, o quanto a questâo é complexa, extremamente complexa.

O consumismo, um dos pilares da manutençao do sistema, da  obtenção de taxas de crescimento dos países, do extermínio dos recursos naturais do Planeta poderia, como num passe de mágica, deixar de existir. Suponhamos que parcela expressiva, da humanidade,  resolvesse comprar, única e exclusivamente, itens alimentares básicos e de higiene e limpeza, abandonando a aquisição de qualquer bem de consumo. Qual seria a resultante, quase que imediata?  Milhões e milhões de desempregados; indústrias em desaceleração crescente, taxa de crescimento dos países, zeradas, tal qual a obtida pela França, no segundo trimestre, deste ano. Isso seria  só o  começo, do caos, pois a cascata de consequências é quase impossível  de calcular, justamente pela força desestruturadora do sistema sócio, econômico  e político que tal “solução”, apresentaria.

Quem estaria disposto a pagar tal preço, por uma tentativa de minimizar condições de insustentabilidade, da vida, no Planeta Terra?

Então, pensamos o seguinte. A sustentação de tal sistema, levará, mais tempo menos tempo, ao que foi abordado, parágrafos acima. Sem matéria prima, sem recursos básicos como a água, chegaremos ao declineo já em curso não só de um sistema,  mas de uma civilização.

Considerando, em pouquíssimas linhas, a complexidade da macro questão, podemos ver, com absoluta nitídez, a ineficácia de qualquer solução pensada, seja ela nascida dos mesmos pressupostos dos pensamentos que deram origem ao sistema, em questão, ou não.  Daí,  o magno impasse.

Caso alguém possa pensar que o exposto acima é fruto de pessimismo destes que escrevem, podemos afirmar, que não; realismo e pessimismo têm conotações bem diferenciadas. Entretanto, na maioria das vezes, justamente pela cegueira dos que não querem ver, por razões as mais diversas,que não nos cabe questionar nem julgar,  o realismo pode aparentar  pessimismo, justamente para os que vivem apenas, de maya.

Voltando, há algo que não se pode descartar; está além, muito além de qualquer pressuposto humano porém, potencialmente existente em alguma esfera desconhecida pela maioria de nós. Esse algo tem embasamento científico, físico mas está além, está no metafísico. É a possibilidade do animal humano ter sua frequência modificada, por alterações no planeta e sistema solar.  Segundo diversas linhas esotéricas, essa possibilidade existe e, em acontecendo, o animal humano sairia de um campo puramente tridimensional o que proporcionaria  completa modificação mental/espiritual, com correspondentes alterações comportamentais, é claro.

É evidenciado, por diversos tipos de estudos afins, que nem todos “aguentariam” essa alteração, essa mudança de frequência; não há como se saber como ela seria levada a efeito, nem as possíveis e reais consequências. Entretanto, quando se pensa no tremendo beco sem saída, que nós, animais humanos nos propusemos a entrar, é quase que lógico dentro da nossa lógica que mudanças, caso ocorram, só poderão ser extremas; não existem meias soluções.

Quanto tempo a humanidade terá que esperar, por situações mais favoráveis, não sabemos. Mas se 2012 terá,  realmente,  uma tremenda importância para o Planeta,  Sistema Solar e  Galáxia, será esse o momento da mudança de frequência, do humano?  Também não sabemos; acreditamos, mas não sabemos.

Entretanto, em nós, o que lateja, pulsa é a certeza lúcida, de que em futuro não tão longinquo, apenas pequenas comunidades ainda não globalizadas   vivendo em acordo com os ciclos da natureza, em acordo com as mais básicas necessidades de sobrevivência, autogestoras de hábitos saudáveis e naturais, serão as que sobreviverão, sem maiores dificuldades,  ao que abalará o mundo globalizado, capitalizado, financeirizado, independentemente de 2012,  ou em função dele.

Encerramos com dois pensamentos que consideramos importantes:

“A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas.”  Sigmund Freud  (1856-1939). 

Imagine o que Freud teria a dizer, agora, 72 anos após sua morte.

“A humanidade tenderá para a igualdade social não por generosidade dos ricos mas sim, pelo seu próprio egoísmo, entregando parte do que tem para não perder tudo.” James Stanovnik

 

Maria Estrela Lunar Amarela

P.S.: detectando qualquer erro, por favor, nos comunique.