quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Estertores da Hipocrisia



Tudo tende a se agravar, em momentos finais de existência; assim, também a Hipocrisia agravou-se ─ e muito ─, com a inevitável chegada de Novos Tempos, anunciando seu possível final.
Desde quando o animal humano tornou-se “civilizado”, ela nos tem acompanhado fornecendo-nos inúmeras máscaras usáveis, nas mais diversas ocasiões.

A palavra hipocrisia, oriunda do latim ─ hypocrisis e do grego ─ hupocrisis, continua tendo a mesma conotação de máscara, de fingimento, de falsidade só que, saindo do campo teatral ─ inicialmente utilizada, designando as máscaras usadas pelos atores─ e investindo em nosso próprio campo real de atuação tornando-o ─ teatralizado.
Ela foi mais popularizada, creio eu, através da expressão ─ jogo de cintura, tornando seu uso quase “diplomático”; consideramos como elogio quando alguém nos diz que temos um bom jogo de cintura deixando claro, nesse “elogio”, o quanto podemos ser falsos, oportunistas, enganadores portanto ─ hipócritas!

Noam Chomsky, um linguista dos mais renomados, definiu hipocrisia como recusa de “... aplicar a nós mesmos os mesmos valores que se aplicam a outros.”
Está certíssimo!

Apontamos para várias situações alheias, desnudando suas imperfeições, sob nossa ótica, sem que tenhamos um espelho a nossa frente para nos mostrar o quanto estamos ─ igualmente nus. Se bem, que talvez o espelho que falamos, não consiga mostrar isso; ele irá, provavelmente mostrar, deformação; nos enxergaremos cheios de bons atributos pois não é, infelizmente, um espelho mágico que possa refletir nosso interior, não para quem não quer ver.
Para Vitor Hugo, “O hipócrita é um titã-menor.”

Cruzamos diariamente com titãs-menores em casa, no trabalho, nas ruas; os vemos em telas, em noticiários, em comentários, em discursos políticos, em sermões, em sala de aula enfim, onde quer que olhemos e/ou atuemos.
Dificilmente estruturas sociais, religiosas, econômicas etc, deixam de fora, em suas ações a utilização da hipocrisia; o Sistema bem como todas as suas ramificações são inacreditavelmente ─ hipócritas!

Alguns animais humanos ensinam seus descendentes, ainda crianças, a usarem máscaras quando dizem, por exemplo ─ abrace fulano ou beltrana, seja educado com ele/a, senão ele/a não vai mais dar presentes pra você; faça de conta que gosta dele/dela.
O famoso jargão ─ se você não fizer tal coisa não vai ganhar aquilo que quer, provavelmente desenvolverá um adulto que usará de hipocrisia para obter aquilo que quer, fingindo um tipo de conduta que não lhe é peculiar.

O medo é desculpa rotineira, íntima para atitudes hipócritas; medo de perder o emprego, medo de perder amigos, de perder relacionamentos íntimos, medo do julgamento alheio, medo de tomar partido em situações delicadas, medo de perder o status quo social, profissional etc.
Realmente, a partir do momento que sejamos suficientemente capazes de tirar a máscara estamos expostos a todas as ações “predatórias” daqueles que não aceitam verdades; as punições virão; será preciso muita coragem para enfrentar e o Sistema sabe que poucos, pouquíssimos a tem.

Assim o medo, apesar de ser uma desculpa, não deixa de ter sua razão de ser, para a maioria, não é? Como sermos verdadeiros se só nos cobram/exigem, hipocrisias?
A propaganda usa um grau refinado de  hipocrisia;  ela sabe, muito bem, quanto daquilo que alimentam com seu trabalho, traz riscos de vários tipos para o usuário, Natureza e Planeta; nem as crianças estão sendo poupadas por esse setor que estimula, até subliminarmente, excessos de “quereres” ─ quero aquele sorvete que vi na televisão; quero sanduiche do ... que aparece na televisão; quero isso, quero aquilo, aquilo outro etc., tudo que foi devidamente anunciado de forma magistralmente ─ provocante.

Posso estar muito enganada mas me parece que quanto mais civilizado, mais educado é um animal humano, maior é a tendência ao jogo de cintura ─ hipocrisia; pessoas simples, consideradas mais rudes, pelo sistema, talvez recebam essa “classificação” justamente por serem menos preparadas, menos treinadas no uso de máscaras; se elas são malandras, todos ao seu redor o sabem; se são perigosas, todos ao seu redor o sabem, a comunidade em que vivem, sabe.  É claro que entre elas há os chamados, vulgarmente ─ 171; mas esse tipo existe aos milhares em qualquer escala social e, em praticamente todos os setores religiosos, econômicos, políticos, midiáticos, etc.
Em nosso País, ultimamente, temos centenas de comprovações de hipocrisia; nos tribunais, por exemplo, condenam alguns em midiático julgamento enquanto outros, tão culpados quanto, tem seus processos ardilosa e oportunamente ─ “engavetados”.

Haverá maior hipocrisia do que o voto secreto, abertamente utilizado no Congresso Nacional?
E a hipócrita mídia capitalista/neoliberal torcendo, ardorosamente, contra o País, usando de todas as máscaras que o sr. Mercado ─ patrão inquestionável de todas ─ lhe fornece? Para ela, diariamente, o Brasil está indo de mal a pior, enquanto não tecem comentário algum sobre inúmeros outros países em situação crítica em função de ações que nosso País tenta, desesperadamente, não adotar em plenitude, aqui; daí expressões como intervenção governamental.

A insatisfação dos investidores é sempre motivo de comentários frequentes, justamente por estarem mamando menos, nas tetas, isto em função de regulamentações ainda tímidas, mas não aceitas, por eles. Aí, intervém o Sistema, o sr. Mercado, provocando e/ou instigando turbulências afirmando com isso algo parecido com: ou o governo dança conforme a música proposta por nós ou então, nós mudamos radicalmente a música e o País vai dançar, literalmente.
Bem recentemente, vimos a tremenda hipocrisia de parte da classe médica em relação ao Programa Mais Médicos, opondo-se com garras afiadíssimas aos profissionais cubanos que chegam para ir a lugares que nenhum médico brasileiro, quer. Sabemos o que realmente existe, por trás disso.

E a hipocrisia se alastra, infelizmente, mundialmente; agora, temos novamente a hipocrisia da chamada Intervenção Humanitária ─ que, de humanitária não tem absolutamente nada ─ na Síria. Temos ainda fresca na memória a intervenção no Iraque, amplamente difundida como recurso máximo ao suposto arsenal nuclear que o país, teria. Hoje, todos sabem ─ os que acreditaram ─ que foi “equivoco”, um pequeno erro de análise dos experts; não havia, realmente, questão nuclear citada, comentada, difundida como motivo da invasão ao país. Entretanto, a destruição do Iraque foi real; milhares e milhares de inocentes (supostamente protegidos pela Intervenção Humanitária, originariamente alardeada) morreram, sem nem saber a razão verdadeira.
Não podemos e nem devemos nos esquecer do Afeganistão e Líbia, sempre com a mesma desculpa de resguardar a população civil.

Assim segue o Sistema, no contexto acima ─ primeiro destrói, para beneficiar a indústria bélica e defender interesses vários e depois, vem a fase de reconstrução quando então, outras grandes componentes do Sistema, do sr. Mercado colhem as benesses, da ruina.
É uma pena que com tudo bem claro, ainda há pessoas que acreditam no que diz/comenta o porta-voz oficial do sr. Mercado ─ o Sistema Midiático Capitalista/Neoliberal, que endossou/endossa a maléfica hipocrisia comentada nos parágrafos, acima.

Mesmo com tudo que se descortina, aos nossos olhos, não perco a confiança na Nova Era; não sei quanto tempo ela necessitará para arrancar todas as máscaras ─ inclusive as nossas, de cada dia ─; mas ela está mostrando aqui, ali, acolá que já chegou e, de uma forma ou de outra, por caminhos menos conflituosos ou não, serão desnudadas todas as artimanhas, todas as hipocrisias, sejam elas quais forem e aninhadas, onde quer que estejam.
Acredito nisso, apesar de muitos considerarem visão ─ utópica.  Assim creio, por saber que nada é para sempre; em algum momento, de uma forma ou de outra, as coisas mudam.

Na questão específica, deste post, espero que a mudança seja positiva; que nós, animais humanos passemos a nos enxergar como totalmente responsáveis pelos nossos atos e/ou omissões; é uma forma correta de deixarmos morrer a hipocrisia e invertermos nossa maneira de ser e fazer, em favor da própria vida, da Natureza, do Planeta.
Se não o fizermos, a Vida saberá o que fazer.

Encerramos este, com um pensamento de Einstein, profundamente verdadeiro:
“A vida não dá nem empresta; não se comove nem se apieda...

Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir, tudo aquilo que nós lhe oferecemos.” (negritos da autora deste)

 Maria ─ Estrela Lunar Amarela

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