segunda-feira, 5 de maio de 2014

Sobre partidos políticos brasileiros e eleições




Com a proximidade de mais um período eleitoral, fico me perguntando quais são os critérios, de cada eleitor, para eleger este ou aquele candidato, para qual cargo for.

Substituindo a palavra critérios pela palavra ─ razões, talvez fique mais fácil ter uma panorâmica mais geral, sobre; é o que veremos, mais abaixo.

Somos uma sociedade ainda em aprendizado eleitoral; contando a partir de 1950 até 2010.tivemos apenas 9(nove) eleições diretas, para presidente, pois de 1964 até 1985, as eleições eram indiretas; vivíamos a época da Ditadura.

As pessoas que nasceram em 1985, por exemplo, exerceram seu poder de voto já, 3  vezes (não considerando 2º turno);  em contrapartida, pessoas de minha faixa etária (70 anos) só votaram 6 vezes, para presidência; meu primeiro voto foi em 1989 pois nas eleições de 1960, ainda estava com 16 anos e impedida, pela idade, de votar.

As razões mais conhecidas da maioria de nós, que leva uma pessoa a votar, é a famosa indicação da família, de amigos, simpatia pessoal etc.; para não votar, temos a opinião midiática, que conta muito, infelizmente, já que suas preferências serão as ditadas pelo Sistema, pelo status quo capitalista/neoliberal e isto, de forma mais acirrada em eleições presidenciais.

Não tenho ideia de quantos votam por opção partidária e destes, quantos pesquisam para saber o que, exatamente, compõe a sigla partidária e seus fundamentos principais. Por exemplo, o PMDB ─ Partido do Movimento Democrático Brasileiro, antigo MDB do tempo da Ditadura em que era partido contrário a ARENA este, aliado ao governo militar ─, aponta como fundamentos o sincretismo político, centrismo e o fisiologismo; vamos esmiuçar cada designação, para entendermos melhor.

Sincretismo político, nada mais é do que uma “acomodação” de ideologias aparentemente opostas;

centrismo, como a própria palavra informa, é meio que ficar em cima do muro; nem tanto ao mar, nem tanto a terra, dito de forma bem popular;

fisiologismo, esse termo identifica relação de poder político em que ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores; encontramos nos 32 (TRINTA E DOIS) partidos registrados no TSE, 8 com esse mesmo “perfil” – fisiologismo.

Salientei o número de partidos existentes por considerar isso, um verdadeiro Absurdo, apesar de sabermos, muito bem, a razão para tal.

Creio que essa questão terá que entrar, um dia, no que se espera da Reforma Política que até agora, está só na promessa; no meu entender, 5 partidos estaria de bom tamanho para acomodar ideologias; mas, se chegarmos a apenas 10 será um grande ganho, pois ainda existem uns tantos esperando pela aprovação do TSE!

Quem vota em um partido que se diz ─ fisiologista, sabe muito bem o que esperar, dele; entretanto, pelo menos são sinceros pois dizem o que fazem, justamente por terem certeza, que a grande maioria de eleitores, sequer vai procurar saber o que isso significa; além do mais, o fisiologismo parece ser quase dominante na classe política, como um todo, infelizmente.

Vejamos um outro exemplo sobre as características partidárias ─ o DEM ─ Democratas:

Centro direita; conservadorismo liberal; liberalismo econômico; neoliberalismo; democracia cristã

As duas características que coloquei em negrito, determinam sua profunda ligação com o status quo neoliberal além de que, a democracia cristã combate o Estado forte; nesse caso específico observasse, com exatidão, os rumos econômicos pregados pelo partido;  assim, é preciso, sob meu entendimento, prestar atenção ao anseio de votar em tal; infelizmente os mais jovens não sabem o que representou e ainda representa ─ pois não nos livramos, totalmente deles ─ governos de cunho determinantemente neoliberais. Creio que teríamos que nos interessar mais em saber das mazelas múltiplas que o neoliberalismo causou em quase todos os países, do mundo.

A panorâmica brasileira em relação à bandeira ideológica principal, de cada partido é assim composta:  partidos de esquerda, 7; os de centro-esquerda, 8; direita, 1; centro-direita. 3; centrista, 13.

Mas, em termos de condição do exercício do voto, o que vimos acima é apenas uma pequena parte do todo a ser analisado por quem quer dar um sentido responsável, a seu voto, seja em que esfera a eleição for realizada ─ municipal, estadual, federal e, para que cargo for ─ vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governador, deputados federais, senadores, presidente.

Particularmente, como não tenho opção partidária e sim, ideológica ─ e esta é de esquerda ─, sempre votei, também, com base em minha intuição; ver/ouvir candidatos faz-me perceber na forma de olhar, nos gestos, no tom de voz, nas palavras o que há, realmente, de mais interno, neles; confesso que até hoje, não tive nenhuma desilusão mais cruel, em ralação aos que optei, votar.

Em 1989, votei em Brizola; foi uma escolha difícil porque simpatizava com Roberto Freire que hoje, debandou-se para o neoliberalismo; em 1994, tornei a votar em Brizola; 1989 ─ após uma intensa campanha solitária contra o candidato Collor, no bairro onde morava ─, votei em Ciro Gomes; 2002, 1º turno Ciro e 2º turno Lula, pois não queria Serra de jeito nenhum; 2006, em função de toda pesquisa que fiz, votei em Lula; essa pesquisa foi tão abrangente e séria que alguns amigos meus, ao vê-la/analisá-la, decidiram-se por Lula, mesmo sendo de partido contrário, deles.

Em 2010, votei em Dilma por ter acompanhado seu trabalho na Casa Civil, por ser mulher e pela possível continuidade dos projetos sociais, principalmente os voltados às classes pobres.

Este ano, promete ser bastante cruel o pleito, em função da maciça carga de interesses do Sistema capitalista/neoliberal; temo, inclusive, por situações extremas pois o pouco que vejo em redes sociais, o clima é quase como guerra de facções com postagens de baixíssimo nível e alto grau de ódio, mesmo. Esse fato, em especial, fez-me enviar carta ao Ministério da Defesa ─ Ministro Celso Amorim, mês passado, chamando atenção para o verdadeiro ─ Risco País ─ totalmente diferenciado daqueles “combinados”, das agências internacionais, de risco. Essa carta, de 4 folhas, criticou vários pontos e chamou atenção para outros que, sob minha ótica, estavam sendo negligenciados; citarei, dela, apenas os dois últimos parágrafos ─ O povo não pode e não deve ficar alheio ao que estão fazendo aqueles que por ele, foram eleitos; em anos passados, isso poderia parecer ─ insignificante; na atual conjuntura nacional/mundial, isso é ─ IMPRESCINDÍVEL!

Na esperança de que esta carta tenha sido pelo menos lida, encerro embalada pela sensação de Dever Cumprido.

Voltando, não tínhamos esse clima pesado, no Brasil; pelo que analisei, tudo começou nas eleições de 2010, tornando-se bem mais agressivo, neste ano.

Demonstrei, em outros artigos, minha imensa preocupação com o País; é um período crítico em que todos os setores negativistas, estão se aproveitando de qualquer situação para elevá-la ao cubo, quanto sua gravidade; isto é extremamente perigoso tendo em vista que até internacionalmente, a mídia capitalista/neoliberal contribui para reforçar o trabalho de suas congêneres, brasileiras.

Temos problemas, sim.

Deles, computo como mais sério exatamente a questão política; necessitamos, urgentemente, de uma REFORMA AMPLA, que envolva todas as questões partidárias e outras tantas mais. De uma forma ou de outra é preciso exigir transparência em todas as esferas públicas e daqueles a elas, relacionados; não podemos esquecer que afinal, vereadores, prefeitos, governadores, deputados estaduais, federais, senadores e presidentes ocuparam e ocupam esses cargos por total deferência, de cada eleitor.

Quanto a nós, chamados genericamente de Sociedade Brasileira, temos que aprender a não só reclamar; temos que aprender a questionar ações ─ sejam de que esfera for ─; temos que cobrar, cada vez mais, nosso direito de participar ─ através de recursos disponíveis ─, dos caminhos políticos/econômicos/educacionais, do Brasil.

Precisamos levar a todos a certeza de que o melhor poderá ser o entendimento, a vivência, o ativismo de uma Democracia Participativa; apenas votar, mesmo que de forma consciente, não basta; precisamos agir e fazer valer, nossas ações; só conseguiremos tal, com movimentos que sejam a máxima expressão de cidadania ou seja, com foco no que realmente desejamos e sem atitudes baixas e inconsequentes; muitos querem que nossa forma de ação seja desordenada/inconsequente pois facilitaria seus planos de ação político/partidária.

Falando em atitudes baixas e inconsequentes, dentre as pessoas que tenho, no face, há uma que parece ter enlouquecido; parecia ser centrada e ativa, politicamente, até tempos atrás; agora, neste período eleitoral seu nível de postagens é terrivelmente marcado com ódio extremado; não é uma oposição saudável que critica o que realmente tem que ser criticado; que defende o que acredita, de forma holística; é uma destemperança total, um ativismo totalmente negativo, pesado, destrutivo, mesmo. Agora, o grupo do qual faz parte está bombardeando com pedidos que Bolsonaro seja candidato à presidência; creio não ser necessário dizer mais nada, não é?

Sei que todos têm direito a opinar; entretanto, se queremos fazer valer uma ideia, expor um ideal podemos, pelo menos, fazê-lo com certa dignidade pessoal, aceitando um bom debate, mesmo que seja conflitante.

Essa forma de tratar questões políticas seria, sob minha ótica, o caminho inicial ─ ideal ─ para desenvolvimento da Democracia Participativa.

 

Maria-Estrela Lunar Amarela

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