terça-feira, 10 de junho de 2014

Política brasileira?



Para quem não é um expert no assunto ─ POLÍTICA, resta somente expor conclusões de vivências e, análises de fatos; de vivências e fatos tratará este, com olhar sobre o Brasil, mais especificamente.

Entretanto, gostaria de dizer que percebi, em pequenas incursões passadas, na história da política que Maquiavel venceu fácil, fácil Platão; este, nascido em 428 a.C., aventurou-se a propor um governo de sábios, de filósofos que priorizariam o bem-estar social; Maquiavel ─ 1469-1527 ─, tido como fundador do pensamento e da ciência política, considerou o Pensamento de Platão totalmente ─ Utópico; infelizmente, ele estava certo.

Maquiavel foi, ele mesmo, um político; assim, quando escreveu o Príncipe em 1513, o fez totalmente baseado em suas próprias experiências, como tal. Como teve por “ídolo” nada mais, nada menos que César Bórgia, filho do papa Alexandre VI ─ uma das mais terríveis figuras da história ─, a visão/experiência/vivência política dele, Maquiavel, só poderia expressar a essência política da época que, a bem da verdade, tornou-se a mesma, desde a publicação do Príncipe, claro que, com importantes aperfeiçoamentos quanto a forma de poder, que ela, exercida por políticos, tinha.

Particularmente, vejo como uma das grandes assertivas, de Maquiavel, considerar que os seres humanos querem obter, sempre, os maiores ganhos com o mínimo esforço.

Alguma diferença de 1513 para 2014, em relação ao acima?

Já Aristóteles, tinha razão quando disse que somos “animais políticos”, pois a política, em sua essência, pode ser entendida como forma de convivência, do animal humano, com seu entorno social ─ seja ele, qual for.

Inúmeros filósofos e pensadores, deram conhecimento àquilo que pensavam sobre Política; é vasto e frutífero o panteão de nomes; não tocaremos nele, neste.

O grosso da população, entretanto, entende política sempre associada aos que ela tem, por obrigação, eleger em períodos eleitorais; fora isso, a visão se torna turva; não funciona, não vai além; para essa grande massa o político é a única interpretação/entendimento que ela tem de Política.

Essa visão exposta acima, infelizmente, é a predominante em nosso País, até mesmo por fator cultural.

Parágrafos acima, dissemos que a Política tinha, uma forma de poder exercida pelos políticos; qual a razão de ter usado o passado do verbo ter?

Simplesmente porque assim, é; se até tempos relativamente recentes, políticos poderiam se dar ao luxo de ostentar algum pensamento próprio em como governar e para quem hoje, isso não é mais verdadeiro.

Digo que isso é recente, em razão de 2 fatores, interligados ─ Globalização e introjeção/divulgação dessa nova forma de poder pelos sistemas midiáticos.

A Globalização da forma como é conhecida, hoje, passou a se tornar forte no final da década de 80 estendendo-se. daí para a frente, como força global.

Ela tomou para si a incumbência de “implantar” as decisões do Consenso de Washington composto, em síntese, por 10 regras ─ que são a cartilha dos neoliberais ─ das quais vamos citar apenas 3.

─ Abertura Comercial

─ Privatização das Estatais

─ Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas).

Ela, a Globalização, precisou fazer-se conhecida do grande público, preferencialmente enfocada como verdadeira panaceia econômica; quem fez esse trabalho, claro, foi o sistema midiático capitalista/ neoliberal.

A Globalização assassinou qualquer ideologia contraria a dela; começou o desmantelamento do que se pode chamar de política social/cultural dos países em desenvolvimento, de forma especial; impôs pensamento global ao invés de local ou seja, procurou desmantelar, também, qualquer tendência nacionalista já que isso poderia impedir que seus planos, em relação a cada país de interesse, fossem bloqueados.

Uma grande parte de partidos políticos, tanto do Brasil quanto de outros países, foram cooptados ─ talvez alguns, até “comprados” ─ por promessas de poder vinculadas à adoção, em cada país, das regras estabelecidas.

O primeiro político brasileiro a defender ardorosamente a Globalização ─ e o neoliberalismo, é claro ─ e ser beneficiado com as benesses do Sistema, por sua total submissão ao disposto, foi Fernando Henrique Cardoso; seguiu, ao pé da letra, as regras globalizantes; por essa razão, é venerado, jamais esquecido e, defendido pelo sistema midiático, bem como o próprio partido, criado por ele ─ PSDB.

Assim, politicamente falando, podemos concluir a grande dificuldade em se pensar em modificações políticas, no Brasil; estamos testemunhando, a olhos vistos, que o Sistema não quer qualquer possibilidade de uma coesão social, em favor do País; não quer qualquer governo que tente, palidamente, desconsiderar determinadas regras/ordens impostas por ele ─ SISTEMA!

A possível coesão social também está sendo profundamente abalada por outro braço, do mesmo Sistema ─ os credos periféricos; eles, mais precisamente desde 2010, estão tentando e, quase conseguindo, criar um clima de profunda divisão social, de profunda desunião, de profunda intolerância social.

Infelizmente, já se infiltraram, na vida pública brasileira, mantendo uma bancada totalmente retrógrada.

Estamos vivendo um clima de política intervencionista exercida pelo Sistema, pelo sr. Mercado e pelo sistema mídia capitalista/neoliberal.

Qual a condição da sociedade brasileira reverter isso, antes que seja tarde demais?

Primeiro é preciso responder se existe ou não, uma verdadeira sociedade brasileira; segundo, precisaríamos analisar que meios utilizar para uma convocação de parte dessa sociedade, no sentido de um grande movimento em favor do Brasil e das inúmeras mudanças que ele precisa para, realmente, tornar-se um País minimamente livre de interferências/ingerências internacionais ─ e, até mesmo, nacionais ─ de cunho negativo e, dominador.

Semana passada fiquei entusiasmada com a criação ─ através de Decreto 8.243/2014 ─ da Política Nacional de Participação SocialPNPS que claro, já está sendo duramente criticada por oposicionistas e pelo sistema midiático, inclusive com tentativa do Congresso de barrar esse Decreto; entretanto, creio que é uma possibilidade de começarmos a criar grupos de debates realmente sérios, com avaliações e sugestões, idem.

É inacreditável as distorções que vemos; até tempos atrás, sistema midiático e opositores do governo afirmavam que as recentes mobilizações expressavam, também, a indignação do povo por não ter a devida atenção, por não ser ouvido pelos governantes com enfoque, é claro, mais potente, da mídia e opositores, sobre governo federal.

Agora que um canal foi aberto, de forma mais ampla e, organizada, tanto a mídia quanto os opositores estão fazendo de tudo para invalidar esse Decreto!

O site para quem quiser analisar o que está sendo proposto é: http://www.participa.br/

Apesar de toda a realidade exposta neste post, ainda sou teimosamente esperançosa de uma grande revolução social de ─ IDEIAS/AÇOES ─, a favor do Brasil; ele merece toda nossa atenção, cuidado e respeito.

Essa ideias e ações deverão ter tudo a ver com a tão esperada Reforma Política, com a questão educacional, com avaliação profunda da atuação do sistema midiático, em nosso País; essas três proposições são, a meu ver, o básico do básico para lançarmos as sementes de um BRASIL DO SÉCULO 21!

Deixo, abaixo, dois pensamentos de Paulo Freire que sempre mantive bem próximo da mente e, aninhados em meu coração.

Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina.

 

Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.

 

Maria-Estrela Lunar Amarela

algum erro detectado, por favor, nos informe.

 

 

 

2 comentários:

  1. Adorei o texto, tudo que descreves está de certa forma acontecer a todos os países em vias de desenvolvimento. A cultura ocidental elimina todo ou qualquer modelo social que não vá de encontro com os seu objectivos. Desta forma conseguem garantir que ninguém copie, porque se existir um só país que prova com um modelo diferente, outros seguirão.

    Infelizmente o povo não é suficientemente desperto, pensa que tudo acontece só porque acontece, que tudo é um mero acaso, que aquilo é assim simplesmente porque o é. Não vêm que é porque eles deixaram ser.

    Na realidade todo povo sofre aquilo que representa a evolução espiritual da consciência colectiva do pais, e assim está o o mundo também. Repare, se perguntar a toda gente se gostaria de não tivesse fome no mundo, houvesse justiça, etc, todos diriam que sim. Agora diga a essa pessoa que para tal é necessário que ela divida o que tem, verá que a opinião mudará logo.

    Estamos tão enraizados com uma forma de pensar que lhe faz acreditar que são livres, desde de que sejam capazes de adquirir bens materiais. Logo só o facto de pensar em ficar sem eles, mesmo que haja promessa de melhor vida, as pessoas não acreditarão. Porquê? Porque embora digam que querem um mundo justo, ELAS PRÓPRIAS NÃO ACREDITAM NELE.

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  2. Seu comentário é profundamente bem alicerçado e verdadeiro; essa realidade é, mundial; vivemos mais um período, dos vários que a humanidade já vivenciou, de completo VAZIO de pensamentos reconstrutores. Mas, como a gente não consegue ficar alheio ao que ocorre no Mundo, na Natureza, no Planeta, sofremos e tentamos expor algo que possa despertar - REFLEXÕES/PESQUISAS e Pensamentos diferenciados.
    Valeu, guri!

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