E o que é pior, não encontra resposta!
Há assuntos que, circunstancialmente, precisam se tornar ─
repetitivos, por mais que assim, não o desejássemos.
É o que tem acontecido, ultimamente, em relação ao Brasil.
A pergunta que não quer calar é:
No que o Brasil está tão mal?
As mídias capitalistas/neoliberais locais e internacionais
estão crucificando o País; de todas elas, só nos chegam comentários
desfavoráveis, tecidos sem maiores explicações ou com suposições futuras,
baseadas em probabilidades mercadológicas.
Essa semana resolvi pesquisar, de forma mais intensa, os
pontos criticados por elas e por “economistas” engajados no mesmo discurso.
Preferi seguir o mesmo padrão de mídias locais que colocam,
constantemente, Brasil e Estados Unidos, como dois polos totalmente opostos ─
Brasil um derrotado; Estados Unidos, muito bem na fita adicionando, também, um
outro país, para confronto de dados ─ Alemanha, justamente para quebrar um
pouco essa polaridade midiática e mostrar que há outros países, no mundo.
Veremos, primeiramente, certos números tão aclamados pelos
economistas; resolvi comparar dados desde 2008, justamente em razão da crise
detonadas pelo Sistema Financeiro Internacional, crise essa que faz com que a
maioria dos países considerados ─ Grandes
Economias, esteja ainda, em fase de recuperação através de programas que
têm tudo a ver com os ditames antigos, do FMI, tão conhecidos por nós, durante
toda década de 90, mais especificamente.
Pensamos em trabalhar com gráficos, pois sempre o fizemos,
quando utilizávamos o PERT/CPM ─ em trabalhos de Planejamento na Embratel, em
1980 ─ e, posteriormente, juntamente com meu amigo Carlos, o Seis
Sigma (Six Sigma, em
inglês), quando da elaboração de projetos.
Entretanto, por nossa experiência, observamos/constatamos que
pessoas que não são acostumadas/treinadas, para ler e entender gráficos e,
principalmente, quando estes são mais requintados,
a informação principal passa para 2º plano ficando o gráfico, em si, mais
importante que a informação transmitida por ele.
Assim, adotamos tabelas, simples e diretas.
Comecemos pelo tão aclamado ─ PIB, em taxas anuais, de crescimento.
Brasil Estados Unidos Alemanha
2008 5,2% (-) 0,3% 1,3%
2009 (-) 0,2% (-) 3,1% (-) 4,7%
2010 7,5% 2,4% 3,5%
2011 2,7% 1,8% 3,1%
2012 1,0% 2,8% 0,7%
2013 2,3% 1,9% 0,54%
Quanto ao Produto
Interno Bruto, propriamente dito, o Brasil fechou 2013 ─ segundo informações de relatório do FMI ─ na 6ª posição. Os
4 primeiros são: Estados Unidos, China, Japão e Alemanha.
A mídia capitalista/neoliberal deveria intervir para mudar os
critérios desse ranking afinal, se consideram nosso PIB ─ pibinho, como pode o País
estar em 6ª posição mundial?
Fazendo uma retrospectiva, os únicos anos, desde 1995 que o
Brasil ficou fora dos 10 primeiros colocados, foram: 2001/2002/2003 e 2004. De 2005 até 2007,
ocupou a 10ª posição. 2008 e 2009 ─ 8ª; 2010 – 7ª; 2011 ─ 6ª; 2012 ─ 7ª; 2013 ─
6ª.
Talvez alguns poderão estranhar a informação de que o Brasil
ocupa a 7ª posição no ranking de
países com a maior Reserva Internacional,
enquanto o tão aclamado, pela mídia, os E.U, ocupa a 16ª posição. A Alemanha, citada no comparativo, que fizemos, ocupa
a 12ª posição. Lideram o ranking,
China e Japão.
Vamos para a reprovadíssima taxa de desemprego no Brasil ─
reprovação essa, feita pela maioria de analistas econômicos que acham que Taxa
de Desemprego baixa demais, como a do Brasil, não é saudável para a economia.
Mantemos mesma comparação da anterior.
Taxa de Desemprego
Brasil Estados
Unidos Alemanha
2008 7,8% 7,2%
7,8%
2009 8,1% 9,3%
7,5%
2010 6,7% 9,7%
7,4%
2011 6,0% 8%
6%
2012 5,5% 7,8% 6,8%
2013 5,4% 6,7% ─ índice
não encontrado
Obs.: em abril de 2014 ─ a de maio,
ainda não está disponível ─, Brasil fechou em 4,9%, a mais baixa desde que o
índice passou a vigorar, lembrando que esse índice é calculado, mês a mês e, ao
final do ano fecha-se com a média anual que vimos, tabela acima.
Esses 2 indicadores, dão uma ideia bastante clara da possível
situação saudável, de qualquer economia; se o PIB cresce e a Taxa de
Desemprego, diminui, deve ser sinal da capacidade produtiva de qualquer País,
creio eu.
Mas, vamos dar uma rápida olhada em outras grandes
reclamações, dos economistas; comecemos pela questão do reajuste do salário mínimo
sempre acima da inflação, nos últimos 2 governos, mais especificamente.
O governo de FHC, entregou o País a Lula com o salário mínimo
em R$180,00, após 8 anos de mandato; quem vencer as
eleições, neste ano, vai receber o País com salário mínimo de R$724,00 referentes a 12 anos de mandato, de mesmo
partido.
Estamos todos cientes de que a defasagem do salário mínimo em
suprir maiores necessidades vem de longa, longa data; segundo dados, os piores
anos de achatamento do salário mínimo foi durante período FHC, sendo facílimo
constatar isso, em pesquisas.
Entretanto, é preciso reconhecer a complexidade imensa de
qualquer aumento de salário mínimo; Brasil ainda não está em condições de
ajustá-lo em total acordo com as reais necessidades que ele deveria suprir; não
vamos entrar em maiores detalhes, por não dominar questões econômicas, que o
envolve.
Outro indicador importante é o IDH, de cada País; estamos em
84º lugar no índice mundial; entretanto, saímos de 0,522 em 1980, para 0,730 em 2012.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano, de 2012 do PNUD ─ Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ─ o Brasil reduziu de 17,2% para 6,1% o
nível de pobreza nos últimos 7 anos.
O ranking mundial do IDH, dos países, traz a Noruega
liderando, com IDH de 0,955.
A Noruega é um país com 385.199 Km2.; Brasil tem
8.513.867Km2.
Noruega tem 4,9 milhões de habitantes; Brasil, mais de 190
milhões.
A Noruega é uma Monarquia Constitucional; Brasil, Democracia
Presidencialista; pelo tamanho territorial, pela população e regime de governo,
pode-se observar a imensa dificuldade em se estender bem estar social; além de
tudo isso, anos e anos seguidos de quase total descaso com a situação de vida,
da população, resultou naquele número citado pela revista Veja, em manchete de capa
da edição de 23/01/2002: “CINQUENTA E TRÊS MILHÕES DE PESSOAS ABAIXO
DA LINHA DA POBREZA E DESSAS PESSOAS, VINTE E TRÊS MILHÕES ESTARIAM EM SITUAÇÃO
DE INDIGÊNCIA OU MISÉRIA”
Talvez, alguém que esteja lendo este, possa lembrar da
quantidade imensa de crianças pobres, espalhadas por, praticamente, todas as
grandes cidades do País, mendigando algo para comer, em portas de lanchonetes,
restaurantes, barzinhos de calçada, praças semáforos, etc.; em Curitiba, cansei
de criar problemas com freguesas de uma confeitaria tradicional pois, várias vezes, vi crianças serem literalmente,
enxotadas, por elas que se deliciavam dos doces juntamente com filhos de mesma
faixa etária. É claro que a situação era desagradável para os
fregueses; mas os extremos, várias vezes cometidos, demonstravam a total
desconsideração e rasgos de crueldade, com aquelas pequenas criaturas. Se
alguma das frequentadoras desse um doce e o resto do refrigerante que estava
tomando era recriminada pelas demais, através de olhares e até mesmo, palavras.
Não vemos mais isso; essas crianças da década de 90, mais
especificamente, cresceram e talvez ─ as que sobreviveram ─ tenham tido filhos.
A grande diferença, para quem viveu essa realidade,
praticamente em todo País, é que não vemos mais esse tipo de situação extrema;
não foi por milagre e nem pela ajuda da elite que a situação foi minorada;
foram necessárias ações de governo quase emergenciais,
ações essas constantemente cognominadas de paternalistas e/ou populistas
pelo sistema prisional (ver post
anterior para entender) da
mídia capitalista/neoliberal e, daqueles que a ela, fazem coro.
Voltando ao tema IDH, os dados apresentados sobre o País
melhor classificado na questão – Desenvolvimento Humano, é só para chamar
atenção que precisamos ter um pouco mais de paciência e trabalho social, para
galgarmos melhores índices; em 23 anos, saímos de 0,55 para 0,730; se
considerarmos que nenhum país, nem mesmo a Noruega atingiu, ainda o 1 ─ “nota” máxima desse índice ─ talvez
mais algumas décadas de árduo trabalho, melhore nossa posição pois, há muito o que fazer!
Outro ponto
constantemente alardeado, pela mídia capitalista/neoliberal, é a questão da inflação.
Já que estamos analisando dados a partir de 2008, ano da
fatídica Crise Internacional, faremos o mesmo para verificar como estamos na
questão ─ Inflação.
O teto da inflação no Brasil, é estipulado pelo Conselho
Monetário Nacional.
As metas centrais, fixadas por eles, admitem intervalos de
tolerância de 2 pontos para cima ou para baixo. A meta só será considerada
descumprida, se ultrapassar o intervalo de tolerância. Então, vejamos como ela
vem se comportando desde 2008 até 2013.
INFLAÇÃO
2008 5,90% O Teto da Meta, desde 2008, foi
mantido em 6,5%.
2009 4,31
Assim sendo, ultrapassamos o Teto em 2012.
2010 5,91%
2011 6,50%
2012 6,94%
2013 5,91%
O que vimos neste ─ a mim, pelo menos ─ não permite encontrar
resposta para tanto pessimismo alardeado pela mídia capitalista/neoliberal e
seus comparsas; falam muito em previsões mas essas, podem ou não, ocorrer.
Previsão, por exemplo, de nova crise mundial, existe; se vai
ou não acontecer, é outra questão. Previsões, nessa área e em outras,
baseiam-se em probabilidades de algo ocorrer; qualquer coisa que aconteça,
estará dentro do amplo espectro de probabilidades, desde daquelas consideradas 100%
passíveis de concretização até as que sequer chegam a 1%, portanto, nem
computadas nos cálculos e comentários porém, dentro do próprio espectro
probabilístico, em análise.
Particularmente, para o Brasil, vejo como a pior
possibilidade, o retorno de governo de cunho extremamente neoliberal aliado, portanto, ao status quo do Sistema.
Justamente neste ponto, quero salientar um pequeno parágrafo do 15º e último capítulo
do livro de Domenico de Masi ─ O Futuro
Chegou, capítulo esse inteiramente dedicado ao Brasil e que tem o mesmo
título do livro, acrescido de: O Modelo Brasileiro ; nesse parágrafo, Domenico
comenta ─ como o faz em várias momentos ─ sobre Darcy Ribeiro e diz: “Tendo
morrido prematuramente, Darcy Ribeiro mal teve tempo de ver os efeitos nefastos do neoliberalismo e os
primórdios futurísticos da informática.”(negritos meus)
Darcy Ribeiro deixou sua luta incansável pelos direitos
indígenas, educação e, pelo País, em fevereiro de 1997.
Tenho conversado muito
com Iansã e com Xangô para defender o Brasil dessa desdita.
Claro que não somos inocentes a ponto de ignorar que,
principalmente, após a chamada ─ Globalização, governos deixaram de ter certa
autonomia de gestão; são todos, praticamente, de uma forma ou de outra, também prisioneiros
do Sistema; entretanto, alguns deles conseguem, até certo ponto, assegurar
certos benefícios sociais para classes humildes e, garantir uma certa defesa do
próprio País ─ em relação às riquezas que esse país, possui ─ frente aos desmandos
do Sistema; pagam caro, por isso, é verdade e não podem ir muito além,
senão...!
Bem, termino dizendo que há muito a se fazer, neste País;
muita coisa está totalmente errada, fora de eixo e, na sequência de postagens
sobre o Brasil falaremos do que, sob nossa ótica precisa, urgentemente, ser analisado/reconsiderado/mudado como, por exemplo,
a questão política, a educacional/cultural e a midiática, entre outras.
Peço desculpas pela primariedade*
do texto; não tenho maiores vivências em áreas relacionadas à economia,
principalmente; entretanto, os números estão aí ─ e, em inúmeros sites de
pesquisa como IBGE, Fundação Getúlio Vargas, Banco Central, apenas para falar
das mais confiáveis fontes ─ para serem analisados; creio que é importante para
começarmos a entender, um pouco melhor, nosso tão ─ injustamente ─ bombardeado, Brasil.
*alguém me informe, por favor, se essa palavra existe;
se pode ser um neologismo ou burricismo
mesmo, certo?
Maria-Estrela Lunar Amarela
─ detectado
algum erro, por favor, nos informe.
Alguns sites para pesquisa de dados.
E acrescento que muito destas comparações sequer fazem sentido. Repara que os países mais ricos não são os países com mais dinheiro, mas sim com maior dívida?!?!?!?!
ResponderExcluirOutra diferença, é as pessoas, por metro quadrado, bem como a própria atitude destas mesmas, porque isso também conta muito para o desenvolvimento do país sem si. Também é necessário ter em conta que muitos destes países iniciaram o seu desenvolvimento muito a custa de outros países, com custos de mão de obra=0.
Verdade! Os chamados países ricos, em maioria esmagadora, assim tornaram-se às custas de depredações de outros países, em suas riquezas naturais; isso vem de longeva época e, de certa forma, persiste, até hoje. O tão afamado PIB terá que ser totalmente reformulado pois apenas a chamada "riqueza" de qualquer país nem sempre tem a ver com o bem-estar social aliás, muito pelo contrário.
ResponderExcluirAbraços e, valeu o comentário!