Faz tempo que nos conhecemos.
Quando saio mais cedo, de casa, encontro-o tomando um café num copo de plástico e comendo um pãozinho que o pessoal do bar, lhe dá.
Nossos olhos se encontram; sem nenhuma palavra, tantas coisas são ditas, entre nós.
A Física Quântica explica o que acontece: nossos átomos e moléculas, em proximidade espacial, criam uma maravilhosa ressonância; nada precisa ser dito; tudo é apenas sentido, no espaço-tempo, daquele encontro. Mas a razão, o motivo desse sentir, vai continuar, acredito, tão desconhecido quanto sempre o foi.
As “diferenças” entre nós, são gritantes; moro numa casa, tenho cama, cobertor que me aconchegam todas as noites. Ele tem um cobertor que carrega com ele; ele não tem casa; seu lar são as ruas pelas quais perambula, sempre solitário e seu teto , é o céu ou a marquise disponível, para a noite de sono.
Mas, ele tem algo que não tenho – uma meiguice, uma doçura, uma pureza no olhar que refletem, muito bem, o Ser que é.
Sempre que o encontro, fica uma sensação agradável de “conhecimento”; talvez aquela linda frase maia - “In lake ‘ch”: Eu sou um outro você -, explique.
Gostaria que vocês o conhecessem; isso é difícil, mas não impossível, pois mandando esse “retrato”, quem sabe vocês possam reconhecê-lo.
Caso vocês o encontrem, não tenham medo, não se deixem abalar por seu aspecto de alcoólatra, pois essa é a única coisa que sei, dele – ele não é alcoólatra - mas, mesmo que fosse, não mudaria o que sinto por ele.
O nome dele, não sei; que importância tem um nome quando se conhece um Ser?
Ele também não sabe o meu e eu não sei como ele me vê; tomará que sinta o imenso carinho que tenho por ele!
Rocio-julho/2010
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